“Os cinco movimentos, Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água, englobam todos os fenômenos da natureza. É uma classificação geral que se assemelha à do Yin-Yang.”
(NGUYEN; BIJAOUI, 2000, p. 34).
Se a teoria do Yin e Yang nos ensinou a ver o mundo em sua dualidade fundamental, a Teoria dos Cinco Movimentos, ou Cinco Elementos, nos oferece uma visão mais sofisticada para observar os ciclos, as transformações e as interações da natureza e do nosso corpo. Ou seja, ela nos permite entender como tudo está em constante fluxo e transformação.
Não pense nos “elementos” como substâncias estáticas, mas sim como movimentos, fases dinâmicas de transformação ou “qualidades energéticas” (SIONNEAU, 2015, p. 104). Para ilustrar, imagine o ciclo de uma semente: ela brota e cresce como uma árvore (Madeira), atinge seu ápice no calor do verão (Fogo), dá frutos e retorna ao centro, à nutrição do solo (Terra). Depois, seus minerais e essência se condensam e se interiorizam no outono (Metal), para finalmente repousar e se armazenar na quietude da água durante o inverno (Água), pronta para reiniciar o ciclo.
Essa dinâmica reflete a essência dos Cinco Movimentos: eles são um mapa dos ritmos da vida. Em outras palavras, para a medicina chinesa, tudo – desde as estações do ano até os órgãos do corpo, emoções e sabores – pode ser classificado e compreendido através dessa matriz.Para dominar essa linguagem, primeiro, precisamos entender as duas leis fundamentais que regem as relações entre os movimentos: o Ciclo da Geração e o Ciclo do Controle.
Este ciclo é o da nutrição, do apoio e do crescimento. Dessa forma, um movimento gera e nutre o seguinte, numa sequência harmoniosa e criativa, como uma mãe que dá à luz e amamenta seu filho.
No corpo, esse ciclo se reflete na fisiologia. A energia do Rim (Água) nutre o Fígado (Madeira); a energia do Fígado (Madeira) nutre o Coração (Fogo), e assim por diante. Consequentemente, uma deficiência em um órgão “mãe” inevitavelmente levará a uma fraqueza no órgão “filho”.
Para que o crescimento não seja caótico e descontrolado, é preciso haver um mecanismo de regulação e equilíbrio. Este é o Ciclo de Controle, onde um movimento controla e restringe outro, como um avô que impõe limites ao neto para o seu próprio bem.
Este ciclo é essencial para que o sistema não se desestabilize. Portanto, ele garante a homeostase: o Rim (Água) impede que o Coração (Fogo) se agite demais, e o Fígado (Madeira) garante que a função digestiva do Baço (Terra) não fique estagnada.
A doença surge quando esses ciclos de Geração e Controle são quebrados. Portanto, isso pode acontecer de duas maneiras principais:
A grande genialidade dessa teoria está na sua capacidade de criar uma rede de correspondências que conecta nosso corpo ao ambiente e às nossas emoções.
Em seguida, apresento uma tabela simplificada que serve como um mapa para navegar nessa complexa teia de relações.
| Movimento | Madeira | Fogo | Terra | Metal | Água |
| Órgão Zang | Fígado | Coração | Baço | Pulmão | Rim |
| Víscera Fu | Vesícula Biliar | Intestino Delgado | Estômago | Intestino Grosso | Bexiga |
| Emoção | Raiva / Frustração | Alegria / Euforia | Preocupação / Pensamento excessivo | Tristeza / Mágoa | Medo / Pânico |
| Estação | Primavera | Verão | Fim do Verão / Canícula | Outono | Inverno |
| Cor | Verde | Vermelho | Amarelo | Branco | Preto / Azul escuro |
| Sabor | Ácido / Azedo | Amargo | Doce | Picante | Salgado |
| Sentido | Visão | Fala | Paladar | Olfato | Audição |
| Tecido | Tendões | Vasos Sanguíneos | Músculos | Pele e Pêlos | Ossos |
Com este mapa, por exemplo, um acupunturista pode fazer conexões que, à primeira vista, parecem mágicas para a mente ocidental. Dessa forma, ele pode associar uma dor nos tendões (Madeira) a um problema de raiva reprimida (Madeira) ou, por outro lado, tratar a tristeza crônica (Metal) fortalecendo a energia do Pulmão (Metal).
A Teoria dos Cinco Movimentos, portanto, nos ensina que nada no corpo está isolado. Em outras palavras, somos um ecossistema, uma teia de interdependências, onde a emoção afeta o órgão, a estação afeta a emoção, e até o sabor do alimento pode nutrir ou desequilibrar todo o sistema.
Portanto, agora que entendemos a estrutura filosófica da nossa existência – os Três Tesouros, a dança do Yin/Yang e os ciclos dos Cinco Movimentos – estamos prontos para mergulhar na geografia do nosso império interior e conhecer os rios de energia que irrigam a vida: os Meridianos.
NGUYEN, Van Nghi; BIJAOUI, André. Acupuncture Moxibustion: Guide pratique. Marseille: Autres Temps, 2000.
SIONNEAU, Philippe. A Essência da Medicina Chinesa: Retorno às Origens – Livro 1. São Paulo: Editora Brasileira de Medicina Chinesa, 2015.
O coração é o monarca. Ele comanda o Shen (espírito)
O sangue circula nos meridianos, o Qì defensivo circula fora dos meridianos.
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